Faz algum tempo que quero falar sobre o assunto. Depois
mesmo que escrevi o texto sobre minha volta para o blog (esse aqui), percebi o
erro que as classificações de animes e mangás era.
Mas só depois de ler o texto do É só um desenho resolvi colocar no papel (ou na tela) minhas ideias.
De acordo com É só um desenho, essas classificações em
shoujo, shounen, senien... serve apenas para os mangás e se refere ao tipo de
revista em que determinada história será publicada. Mas para animes isso não
seria comum. Essa é uma prática dos ocidentais.
Fazendo minhas resenhas, senti a dificuldade de classificar
alguns animes. E mais do que isso, senti desconforto em afirmar que tal desenho
se destina ao público feminino ou masculino.
Nossa sociedade está em busca de uma igualdade entre
gêneros, identidade e orientações sexuais. Eu espero mesmo que seja uma luta
social e não de apenas de alguns.
Mas o texto não é sobre isso. É sobre como essa igualdade me
motivou a repensar meu próprio uso dessas definições em animes e mangás.
Já existem as classificações de acordo com a temática de
cada obra (romance, ação, ficção científica, suspense...), porque além delas,
devemos separar também pelo tipo de público?
Um menino pode querer ler um romance, uma garota pode querer
ver um anime de ação. As coisas deveriam ser mais simples e livres do que isso.
São obras ficcionais e quem decide se quer vê-las sou eu.
Com certeza alguns pensarão: “Mas menina gosta mais de
histórias melosas e meninos de porradaria”, claro que sim, isso é normal,
porque nossa cultura, nossa sociedade, nos ensinou assim. Somos um reflexo
daquilo que nossa sociedade reproduz. Não estamos imunes ao discurso dominante.
Por mais que acreditemos que gostamos daquilo por questões puramente individuais,
em algum ponto, aquilo na verdade foi transmito a nós pelo discurso social do
que é aceitável.
Essa questão é muito profunda e deve ser tratada com
cuidado. Mas o ponto que quero chegar é da minha necessidade em quebrar essas
amarras de distinções.
Eu sempre gostei de animes de ação, mas também gosto de
romance, drama, suspense e ficção. Sendo assim, por que eu, como menina, devo
ser alocada na categoria shoujo ou josei?
Ah! Outra coisa! Eu não estou tratando aqui da classificação
por idade. Essa classificação existe para que crianças não vejam temas mais
sérios ou chocantes, ela existe para dizer o que é indicado para cada faixa
etária. E, embora ela tenha problemas, essa classificação atinge seu objetivo
de alguma forma.
Acho totalmente desnecessária uma classificação pelo
público, se já temos as classificações pela temática. Não sei se consegui
chegar na conclusão que eu queria, se todos conseguiram acompanhar meu
raciocínio.
Mas se as pessoas se desapegassem um pouco dos seus
preconceitos, poderiam entender como a divisão menino x menina é apenas um
obstáculo a liberdade coletiva e individual.
Não estou exigindo aqui uma mudança mundial na forma de
classificação. Tenho certeza de que existem pessoas no Japão lutando por isso,
para que essa classificação sexista seja revista em sua raiz. Mas estou apenas
colocando meu ponto de vista, esperando que ele gere a reflexão em outras
pessoas. Dito isso, abolirei o uso dessa classificação no meu blog. E se você
achar que deve parar de usá-la também, ótimo. Se não acha, ótimo também, apenas amadureça
essa discussão na sua mente.
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